Solenidade de Doação do Acervo de Projetos de Vilanova Artigas

Publicado em 12 de junho de 2024
ADI

Solenidade chancela a doação do acervo de projetos do arquiteto Vilanova Artigas para a Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

No dia 19 de junho, a partir das 14h, o Instituto Virgínia e Vilanova Artigas chancela a parceria com a biblioteca da FAUUSP para a salvaguarda, manutenção e divulgação dos projetos do arquiteto Vilanova Artigas.

O anúncio será sucedido por uma mesa de homenagens, pela abertura de uma exposição com os desenhos do projeto original da FAUUSP e da exibição da cinebiografia “Vilanova Artigas: O Arquiteto e a Luz” (2015).

Os projetos de Vilanova Artigas já estavam salvaguardados pela Biblioteca da FAU desde o final dos anos 1990. Os documentos originais foram transferidos pela Fundação Vilanova Artigas – instituição que funcionou entre 1986 a 2008 – ,  por meio de um convênio cultural assinado entre  a Fundação e a FAUUSP em uma cerimônia realizada em 13 de abril de 1999, em continuidade da 359ª. Sessão Ordinária da Congregação da Faculdade.

A partir de 2015, com as comemorações do Centenário de nascimento de Artigas, sua filha Rosa e seus netos Marco e Laura sentiram a necessidade de institucionalizar novamente a gestão do acervo pessoal, do nome e da imagem de Vilanova Artigas, e programar, paulatinamente, novas parcerias, absorvendo as possibilidades da tecnologia digital para fazer o legado do arquiteto acompanhar o futuro.

A permanência do acervo na FAUUSP sempre foi a vontade de Artigas, que desejava que seu legado fosse de fácil acesso aos estudantes e pesquisadores brasileiros. A escolha foi natural, uma vez que a FAUUSP foi a instituição que o arquiteto fomentou a criação, em 1948, quando o curso de arquitetura se separou da engenharia dentro da universidade, idealizou a reforma de ensino de 1962, além de ser o responsável pelo projeto arquitetônico do edifício que hoje leva seu nome.

Data: 19.06.24
Horário:14h
Endereço: Edifício Vilanova Artigas da FAUUSP, Rua do Lago, 876 – Butantã, São Paulo – SP

Programação de atividades:
14h – Solenidade
15h – Mesa de homenagens
17h – Abertura exposição “Caderno dos riscos originais”
18h – Exibição do documentário

Sobre Vilanova Artigas:

João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) é um dos expoentes da arquitetura moderna brasileira. Sua vasta obra, que conta com mais de 500 projetos, é caracterizada pelo rigor técnico, por estabelecer diálogo com o espaço urbano e por estimular a convivência entre as pessoas. Tudo com um toque de poesia. Artigas nasceu em Curitiba, Paraná, na região sul do Brasil. Veio para São Paulo no início dos anos 1930 onde se formou engenheiro-arquiteto na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). No início dos anos 1940 foi contemplado com uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim, no entanto, preferiu aprender sobre a arquitetura inloco. Trocou as aulas da pós-graduação por uma road trip pelos Estados Unidos. Mais tarde, em 1953, passou alguns meses na União Soviética. Teve a oportunidade de observar de perto duas visões de mundo que influenciaram profundamente sua produção arquitetônica. Dono de uma mente inquieta, transcendeu seu ofício para além da prancheta e

defendeu a arquitetura como agente de transformação da sociedade. Participou ativamente de grupos de artistas, conselhos de revistas culturais, de museus e associações, do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), além de integrar, a partir de 1945, o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, instituição da qual foi um dos idealizadores e fundadores em 1948. Entre suas obras mais conhecidas estão o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o popular “Morumbi” (1953); o Edifício Louveira (1946) famoso pela sua integração com a praça Vilaboim, em Higienópolis, Zona Central de São Paulo; a Rodoviária de Jaú (1973), no interior do estado, celebrada por sua colunas em forma de flor; o inovador Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães (CECAP – 1969), próximo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, porta de entrada da capital paulista, e o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (1962), seu projeto mais celebrado.

Sobre o Instituto Virgínia e Vilanova Artigas:
O Instituto Virgínia e Vilanova Artigas (IVVA), fundado em 2020, é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos com sede na cidade de São Paulo, dedicada à preservar e divulgar o legado do arquiteto e professor João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) e de sua companheira, a artista plástica Virgínia Artigas (1915-1990).

O logotipo do Instituto é uma homenagem ao escritório “Vilanova Artigas SC Ltda”. O desenho foi feito por Virgínia usando técnica de xilogravura em 1970, a pedido de Vilanova para dar uma nova identidade visual ao seu estúdio de projetos.

O Instituto tem como missão dar continuidade à Fundação Vilanova Artigas – ativa entre 1985 e 2008 – e ao conjunto de ações do Centenário do Arquiteto – documentário, exposição e lançamento de livros – realizado em parceria com o Itaú Cultural em 2015. Seus objetivos são garantir a conservação e organização do acervo do casal – atualmente constituído por desenhos, projetos, correspondências, documentos, fotos, objeto e outros; facilitar o acesso ao público; colaborar em publicações, exposições, palestras e seminários dentro do campo cultural e educacional dentro e fora do Brasil, para assim manter os valores de Virginia e Vilanova em diálogo com o presente.

Atualmente a instituição é gerida por seus netos, o arquiteto Marco Artigas Forti e a documentarista e jornalista Laura Artigas Forti. No conselho do Instituto estão as arquitetas e urbanistas Vera Domschke, Ana Luiza Sawaya, e o sociólogo Reginaldo Forti.

Entre as atividades já realizadas pela entidade desde sua fundação está a mostra “Vilanova Artigas: drawing models”, apresentada em Lausanne, Zurique e Luxemburgo, entre agosto de 2022 e fevereiro de 2023; a parceria com a exposição Aberto 02, entre agosto e setembro de 2023.

Sobre a Biblioteca da FAUUSP:
A Biblioteca da FAUUSP foi criada juntamente com a faculdade em 1948 com o objetivo de auxílio ao estudo, pesquisa e extensão universitária. Avançando em sua missão institucional enquanto estrutura auxiliar de ensino, foi criado, nos anos 1960, o Setor Audiovisual da Biblioteca, onde foram acolhidas fotografias, diapositivos, microfilmes, filmes e fitas sonoras. Em 1965, a Biblioteca recebeu aquela que seria sua primeira coleção de projetos de arquitetura, e, posteriormente, outras doações de acervos de arquitetos também foram recebidas, o que formou o Setor de Projetos de Arquitetura da Biblioteca em 1970. Esses setores desde 2014, receberam o nome de Seção Técnica de Materiais Iconográficos – MATICON – nome que se preserva nos dias de hoje.

As ações institucionais da FAUUSP levaram a instituição a estabelecer um conjunto documental expressivo no que tange ao design e à arquitetura brasileira. Atualmente, o acervo iconográfico da FAUUSP é formado por materiais advindos de mais de 40 escritórios e profissionais das áreas de Arquitetura, Urbanismo e Design. Cerca de 400 mil desenhos, mais de 100 mil registros fotográficos, além de objetos e documentos variados gerados em função de suas atividades profissionais. Material esse que permite traçar um panorama bastante diverso da riqueza e complexidade da produção arquitetônica e urbanística e de design realizada nos últimos 150 anos. Fazem parte do acervo projetos originais dos mais renomados arquitetos e designers brasileiros, como Cauduro Martino Arquitetos Associados, Francisco de Paula Ramos de Azevedo, Gregori Warchavchik, Rino Levi e, agora definitivamente, João Batista Vilanova Artigas – o que muito nos orgulha e nos enche de responsabilidades.

A Biblioteca – representada por seus docentes, funcionários e pesquisadores – tem participado ativamente dos debates nacionais e internacionais dedicados aos acervos de arquitetura, pensando no lugar dos documentos dos arquitetos, urbanistas e designers no contexto contemporâneo. O que salvaguardar e como? Como conservar? Como disponibilizar essa documentação pública à população? Como expor as ideias, os projetos? Como estabelecer relações com a digitalização e os meios de comunicação? Como preservar e contribuir para a melhoria da produção cultural e material de nossas cidades? Como preservar esta documentação em nosso país? São muitas as perguntas e os debates que têm sido enfrentados por esta biblioteca e por toda a faculdade. Perguntas que se desdobram em dezenas de iniciativas internas à universidade, mas cada vez mais externas, como a curadoria de exposições e a publicação de livros.

Trata-se, por certo, de uma dedicação pela preservação do patrimônio cultural do nosso país. Um patrimônio público e, neste caso, universitário. É o que conforma a missão da Biblioteca da FAUUSP e de toda a faculdade.

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